quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sleepy in Manchester

I am a morning person. Mas ando a descobrir que sou uma morning person até determinado ponto. Os primeiros dias a acordar às 06:50 foram bem tolerados. No início da semana já precisei de um café a meio da tarde ( e quando digo precisei é mesmo precisar, porque a pagar 1,80£ por um café tipo água de lavar pratos só mesmo em caso de necessidade). No dia seguinte foram 2. Ontem, qual drogado a trocar heroína por metadona, passei para o café instantâneo que está disponível nas salas de pausa do bloco (sim, salas, porque são duas) para poder manter o vício de 3 chávenas por dia... A degradação matinal tem sido progressiva mas galopante. Hoje de manhã os neurónios se recusaram a colaborar antes de chegar ao hospital. Primeiro sinal: esqueci-me das luvas em casa. Segundo sinal: não me pareceu boa idéia voltar atrás para buscá-las. Basta dizer que só voltei a sentir os dedos por volta da hora do almoço...

 Mais um dia na Weeweeland. Another day, another Bracka. Outra vez numa sala multinacional: anestesista pakistanês, cirurgiã indiana, assistente húngaro, segundo assistente argentino, turista luso-brasileira. Várias cirurgia depois, um momento totalmente genial. Os fatos de protecção de chumbo daqui são um mimo, todos coloridos, com bonecos e florzinhas. Hoje um dos procedimentos envolvia controle fluoroscópico. Eis que entra o senhor técnico da radiologia. Imaginem um Hell's Angel, cheio de piercings, tattoos, barba pontiaguda e rabo de cavalo, a real badass. Com um avental decorado com florzinhas cor de rosa, num fundo rosa choque... Ainda tentei sacar uma foto, mas não consegui fazê-lo de forma discreta, e tive medo de ser apanhada...
 
À tarde observei uma verdadeira entrada a pé juntos entre os internos. Cirurgia roubada à grande. A concorrência aqui é tramada.O ambiente é porreiro, eles até se dão bem, mas como os próprios dizem, the elbows are out. Tive saudades do gang do HDE. E um certo receio do futuro inter-internos.

Cada vez mais gosto do hospital. Acho que estruturalmente está bem pensado. Muitas janelas. Desafogado. Pátios. Exageram um bocadinho na intenção de tornar o hospital child-friendly. As paredes de alguns serviços como a Radiologia estão tão saturadas de bonecos e desenhos que seguramente já devem ter desencadeado ataques epilépticos...

 Os dias aqui parecem durar mais. Ou eu tenho menos que fazer. Mesmo trabalhando 10h por dia tenho tempo para estudar, para ler, para passear, para matar saudades via net. Nessa onda overachiever achei que também podia aproveitar para retomar a rotina do yoga em casa, já que até voltei às aulas. E  consegui. Mas num quarto com 2x2 m2 não foi fácil. Há um skecth do The State com o very self explanatory título de "The Nutcracker in a tiny tiny room" (infelizmente não encontro o vídeo...). Foi mais ou menos a mesma coisa. 

 Em conversa com a malta de casa surgiu o assunto "temperatura actual em Lisboa". Fui ver: 15ºC. Aqui tão -2ºC. Melhor do que isso só Miami...

 Your moment of Zen:


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