terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Home is where my toothbrush is

Estive a fazer a lista outra vez hoje. Afinal esta é a 21º mudança. Com toda esta prática, não é de estranhar de o processo de adaptação a uma nova casa seja quase instantâneo. Entre bancos e mudanças, concluí que casa é onde está a minha escova de dentes. Seja por uns dias ou uma larga temporada. Adaptar-me à rotina da casa e às pessoas também tem sido fácil. O toque de alvorada é cedissímo: o primeiro a acordar salta da cama às 6. Às 7 da matina já é hora de ponta. Mais uma nova rotina: ir a pé para o trabalho. Vinte e cinco minutos. Com um passo rápido nem se sente o frio. Apesar da ameaça de ontem, não vejo neve nas ruas. Mas procurando ainda se encontram alguns vestígíos. Anunciaram hoje uma onda de frio e neve para as terras de Sua Majestade; contudo, se acreditar no site da BBC até vai estar sol em MCR esta semana. E viva o aquecimento global...
Hand over às 08h. Segunda feira é a manhã das reuniões. Às 09h com a Radiologia, para rever imagens interessantes ou duvidosas. E aproveitar para cravar exames. Aqui são tão mais chatos. Uma ecografia demora 3 dias. Se não se recusarem a fazê-la. Trânsito GI no mínimo uma semana. É bom ver que alguams coisas são melhores em casa. Em seguida, momento educativo de convívio: a sessão de Teaching.  Começa com uma visita de estudo ao café, envolvendo internos e especialistas, com imensos pedidos de café mariquinhas (e um espresso duplo horrível para mim). Propriamente abastecidos, começa a reunião. A idéia é muito simples: discussão de um tema ou caso clínico, moderada por um dos especialistas ou internos mais velhos. Não envolve apresentações nem grandes preparações. Índole prática. Hoje discutiu-se (aviso aos navegantes, conversa de cortar criancinhas) atrésia duodenal. Qual é a incisão que usam, e porquê. Há quem seja apologista da abordagem umbilical, outros RUQ. Tubo transanastomótico sim ou não. Complicações intra-op, como resolver. Onde dar os pontos. Com que cuidados. Alimentação precoce? Aqui conseguem convencer os neonatologistas a dar comidinha em D1 pós-op. Aliás, o primary physician é o cirurgião, eles só dão apoio. Este tipo de discussão é particularmente interessante porque todos passam por vários hospitais ao longo da formação, e tem diferentes modos de operar. Penso que no HDE seria mais fácil chegar a consenso...
Depois do almoço mudei de ares e sistema e fui hang out com a malta do xixi. Também são muito simpáticos. O departamento de urologia ped é bastante conhecido (é 1 dos 2 centros que acompanham e operam extrofias da bexiga no UK). Atrai bastantes visitantes. Hoje à tarde no bloco parecia uma reunião da ONU: cirugião italiano, assistente suiço,outra assistente irlandesa, instrumentista maltesa, anestesista indiana e 1 turista luso-brasileira. O único british from britain era o auxiliar... A cirurgia foi interessante, com direito a explicação play by play pelo cirurgião. Muito didático. Mas continuo a gostar mais de tripa cagueira.
Para não variar, saída do hospital às 18h. Ao menos não estava a chover. Mais 25 min até casa. Lanche rápido. Para seguir para a 1ª aula de yoga. Bastante diferente daquilo a que estou acostumada, mas gostei. É particularmente giro ouvir as explicações com sotaque mancuniano: "so i put mi 'ands and me  feet at the same deestance". E deu para arejar as articulações.

Your moment of zen (rectangulo cor-de-rosa; mapa oficial do Manchester Visitor Information Centre; para os desavidados é o meu bairro):


Sem comentários:

Enviar um comentário