Monday morning Morbidity and Mortality meeting (agora repitam 3 vezes de seguida rápido). Continuo impressionada com a capacidade analítica e crítica desta malta. Discussão civilizada, objectiva e constructiva. Depois da reunião fui convidada a participar na sessão de Teaching dos alunos do 4º ano. Basicamente, discutir o trivial da cirurgia pediátrica e alguns highlights (ou seja, hérnias e pilinhas e atrésias do esófago e hérnias diafragmáticas). Em defesa dos alunos, não tem medo de falar. Contra eles, também, não tem medo de falar baboseiras. Fiquei pouco impressionada com este grupo. Não pela falta de conhecimento em Cir Ped (que é totalmente perdoável), mas falta de conhecimentos cirúrgicos no geral. Em discussão posterior com a minha aluna porreira (a que é inteligente e traz homemade cookies), descobri que na Universidade de Manchester ( e em mais algumas, o currículo não é igual para todas as escolas) pode-se fazer todo o curso de Medicina sem se passar por um estágio cirúrgico. Todos os estágios cirúrgicos são electives. Acho mal. Além disso, metade do curso é constituído por "fluff", cadeiras que não são propriamente científicas ou clínicas. Management, quality control, patient satisfaction. Pelo que percebi, os alunos não andam muito contentes com isso. No ano passado o curso de Medicina de Manchester foi um dos que teve pior classificação a nível nacional relativamente a satisfação dos alunos. A administração ficou passada, e resolveu o problema de uma forma simples: ofereceu um Ipad a todos os alunos dos anos clínicos. Com o objectivo de... Enfim... Estão a desenvolver uns programas e cenas... E... Pois... Os alunos chamam-lhes os Bribepads. Parece-me adequado.
À tarde, Short Bowel Clinic. Já começo a conhecer algumas caras. Bom para mim, normalmente mau sinal para a criancinha. Continuo completamente maluca com a dieta desta gente. Para mim roça os maus tratos... Tendo em conta que estes miúdos não são propriamente saudáveis para começar, uma dieta baseada em comida de microondas não me parece boa idéia. Tive esta discussão hoje com a dietista que acompanha a consulta, para tentar perceber se é uma questão financeira ou cultural. Segundo ela é em grande parte cultural. As pessoas simplesmente não sabem cozinhar. E também, diga-se de passagem, os supermercados daqui não são muito fresh produce friendly.
Para contrabalançar o excesso de criançada na minha vida, a minha turma de yoga inclina-se bastante para o outro lado do espectro. As aulas não são propriamente muito desafiantes em termos físicos, mas sempre dá para alongar a coluna. Porém hoje a professora resolveu animar a aula com algumas posturas invertidas, em que ficávamos pendurados de cabeça para baixo em cordas fixas à parede (parece um bocadinho S&M, mas não é). Retornaram todos à infância. Um pouca a medo inicialmente, lá foram um de cada vez, ajudados pela prof. Nunca os vi tão felizes. Risinhos, gritinhos, pedidos de repetição. Adorei. E apesar do meu medo inicial, ninguém partiu a bacia nem tive que reanimar ninguém...
Your moment of Zen:
Bribepads...so enlightening ! Isto no reino de sua majestade onde a meritocracia devia ser a regra, realmente so falta dizer que mesmo em Oxbridge as artes de Esculápio são desprezadas ou compradas e vendidas como um produto qualquer . Pobrezinhos mas limpinhos mesmo com alguns cromos pelo meio.
ResponderEliminarKeep on feeding gutless children with horse lasagna...