sábado, 30 de março de 2013

Cleaning up my locker

 Bleep devolvido. Cacifo esvaziado. Malas arrumadas. Despedidas feitas. Coração entre o partido e o remendado.

 Para além de 30kg de bagagem, levo:
- a certeza de que trabalho num hospital que funciona muito melhor do que a maioria das pessoas acredita
- uma imagem diferente dos ingleses
- vontade de trabalhar mais em equipa
- um novo apreço pelo ensino
- um arsenal cirurgico diferente
- uns quantos bons amigos
- resistência acrescida ao frio
- pulmões mais limpos
- nova banda sonora
- léxico inglês badalhoco expandido
- paixão desmedida por millionaire shortbread
- conhecimento sobre as regras do rugby
- vontade de visitar a Escócia e a Irlanda com locals
- apreço acrescido pela cerveja portuguesa
- 3 kgs a mais
- a certeza de que me adapto a tudo

 Foi bom enquanto durou. Obrigado pela companhia.

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quarta-feira, 27 de março de 2013

It's the final countdown

 Ontem Murphy foi um cavalheiro. A cirurgia foi para a frente e correu muito bem. Hirschsprung com atingimento do íleon. All in all, 50 cm de jejuno. Not very short, but functional short anyway. SILT + STEP + Duhamel. Currículo suficiente para uma semana. Desta vez achei o SILT mais bonito. O STEP demorou 10 minutos. Mas mesmo assim foram 8 horas no bloco. A inalar sevofluorano... Nos intervalos da cirurgia (só a parte das suturas são mais ou menos 2 horas no SILT), fui ajudar a reduzir a gastrosquisis com silo na NICU. Deixaram-me empurrar a tripa. É difícil explicar, mas é uma sensação deveras gratificante. Comparável a quebrar as fibras musculares nas EHP.. Might sound weird, but well, I am weird. Por falar em weird, a piada da semana foi o mail sobre o jantar de despedida, que um auto-correct denominou de "Aliens leaving do". Não bastava o Vandasilva...

 À noite, momento de despedida parte 2. Jantar no restaurante do Jamie Oliver com o meu chefmate. Antes que comecem os reparos acerca dos salários astronómicos pagos a internos que estão a passear em terras de Sua Majestasde, devo dezier que o jantar ficou por 25 £ por cabeça. Comida deliciosa, serviço impecável. Depois ida ritual ao The Temple. Noite muito agradável, mas deveras agridoce. Que acabou comigo quase a ir para casa ao colo, devido a uma combinação infeliz de jantar opíparo + cerveja + inalação prolongada de gases anestésicos. Acho que fiz metade do caminho para casa de olhos fechados...

 Hoje dia de tretas no bloco. Acabei por andar a passear, a despedir-me das pessoas. Conversa agradável com a play therapist. Aproveitei estes últimos dias, após 3 meses a ganhar a confiança das pessoas, para fazer as perguntas idiotas todas que me ocorreram. Toda uma nova perspectiva em relação ao facto de condicionarmos os miúdos com NP a uma vida asséptica, e repercussões em vários níveis. Again, food for thought. Depois, despedida das Janes, as enfermeiras da Home PN. Exemplo de competência, boa gestão e cordialidade. Farol de luz no meio de sisters, nurses and matrons na maioria pouco simpáticas. Antes do almoço, run of the mill clinic e long pause for coffee ^(as despedidas são uma óptima desculpa para tudo). À tarde, re-do Hirschsprung (com abordagem à Peña!!!!!!). E encerramento da gastrosquisis que andei a empurrar na NICU. Bela prendinha de despedida. Deixaram-me fechar metade da fascia. I will sorely miss these people. Não fecham a pele. Apesar de já ser um RN com 3 dias de vida, o cordão foi mantido hidratado, enrolado com gaze gorda e opsite, e usado como "tapa buracos". Puxa-se o cordão para o lado, steri strip em cima, em baixo e do lado, e voilá. Os resultados que tenho visto na consulta até são engraçados.
 Mais um jantar de depedida, desta vez com a malta de casa. Fomos a um restaurante very hipster  no Northern Quarter. Devo admitir que a comida era fabulosa. Depois, pub. Tenho mesmo que agradecer ao Universo. Só encontrei gente simpática e divertida por cá. Conversa hilariante, com direito a devaneios alcóolicos sobre que tornaria um straight man gay (Bruce Willis e Denzel Washington, in case you were wandering), e quem tornaria um gay man straight (Eva Longoria). Direito a prenda de despedida genial...

 Amanhã é o último dia no hospital. E à noite leaving do. Vai doer.

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segunda-feira, 25 de março de 2013

Pretencious movie going

 O frio continua. Mas está melhor. Mesmo assim, bus de manhã para o trabalho, para não congelar as mãozinhas.

 Última 2ª do mês means M&M. Outra gastrosquisis que não está a correr muito bem. Eu sei que eles tem um volume maior, mas continuo admirada com a quantidade que acaba com silo. E com as complicações. Por falar nisso, hoje vi o meu 1º silo pré-formado. Giro. Engenhoca engraçada. Depois, mais um bocadinho de teaching, para preencher a manhã. À tarde, Short Gut Clinic. Já me despedi da nutricionista e da play therapist. Sniff sniff...

 Para provar que a minha vida não é só cerveja e hospital, hoje fui ao cinema ver The Cabinet of Dr Caligari com acompanhamento musical ao vivo. Música concebida especialmente para a ocasião. One man show de piano, acordeão e voz. Um falsetto deliciosamente tétrico. Combinação perfeita, a música não roubava o protagonismo ao filme. Complementar. Very cool.

 Agora cruzar os dedos e esperar que o alongamento vá para a frente amanhã. Estou a ponderar seriamente fazer uma boa acção e ficar em casa, só para me assegurar que o miúdo é operado...

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domingo, 24 de março de 2013

Freazing, with a side dish of freaking cold

 Claro que o doente de 6ª feira foi cancelado. Murphy não perdoa. Teria feito uma boa acção ficando em Birmingham. Tenho a certeza que assim o doente não teria sido adiado. Mas a razia foi geral. Mass casulaties no bloco. Os programas operatórios das 3 salas de cirurgia geral foram cancelados por falta de camas de intensivos e intermédios (todos os doentes eram complicados). Resultado: 5 cirurgiões na palheta  in The Cupboard  toda a manhã. A determinada altura decidimos que a situação já se estava a tornar ridícula, e fomos só almoçar fora. E às 3 da tarde ja estava em casa. Again, totally and utterly unproductive day, but very entertaining.


 Programa de 6ª à noite: rugby match. À inglesa, com neve e vento. Quando fui convidada pareceu-me uma idéia fabulosa. A caminho do jogo, quase a ser levada pelo vento glaciar, comecei a repensar as minhas opções. Mas já era tarde demais para desistir. E valeu a pena. O jogo foi no estádio de Salford, cidadezinha que fica do outro lado do canal. Sale Sharks (locals) vs Bath. Os Sharks estão neste momento na 11º posição da I Liga (ou equivalente, não tenho a certeza do nome). Subiram do 12º lugar depois de uma equipa ter sido punida com a perda de 5 pontos por falsificar informações sobre um jogador. Mas apesar de tudo tem um cult following significativo. O estádio estava cheio. Não há tanto a tradição das camisolas do clube e cachecóis. Aliás, toda a gente está vestida para o inverno nuclear. E fazem bem. Porque estava frio à séria. Uma coisa que descobri rapidamente é que os jogos de rugby são muito mais civilizados que os de futebol. Para começar, vende-se álcool no estádio (o que permitiu que eu bebesse a primeira cerveja devidamente refrigerada desde que aqui estou...). Depois, apesar de haver divisão entre os home e os away supporters, não há problema em ficarem ao lado uns dos outros. Fui ver o jogo com 3 amigos, 1 a favor dos Sharks, os outros dois a torcer por Bath. Como o local tinha season tickets, fomos para o home supporters quarter. E não houve problema nenhum em estarem a gritar por Bath durante o jogo. Além dissso, apesar de toda a gente gritar bastante, não ouvi reparos à mãe do árbitro ou dos jogadores. Claramente, é um jogo de cavalheiros. Apesar de só ter começado a sentir os dedos dos pés quando cheguei a casa, adorei a experiência. Depois do jogo, e de algumas cervejas, veio a fome. Nada como very greasy chinese à meia noite. Vou sentir falta destes open all night grease houses...

 Sábado gelado. Dois graus, com o vento feels like minus 8. Depois de uma manhã preguiçosa no calor dos lençois, saí para enfrentar o frio até ao The Lowry Hotel, for my very posh Afternoon Tea. Era um dos cheks que faltava na minha to do list. Primeiro, estes senhores apostam no serviço. Fui tratada como uma princesa saudita, apesar de estar de jeans e mochila (podem obrigar-me a vestir-me como um adulto responsável durante a semana, mas não durante o fim de semana). Chá delicioso. Uma pratada de pequenas sanduiches variadas. E uma verdadeira montanha de scones e docinhos variados. Serviu para almoço, lanche e jantar. Frio desgraçado + barriguinha cheia = correr para o quentinho da casa e fazer uma sesta. Acabei por acordar às 21:30 com um convite para sair. Ainda tentei dizer que não, mas jogaram a cartada de "quase úlimo fim de semana". Depois de algum conflito interno, lá decidi ir. Com a condição de poder sair de jeans. Valeu a pena. Começamos a noite no bar do The Lowry (à tarde tinha parecido tão chique e cool que resolvemos experimentar). Outra vez, tratamento de realeza. Até os salgadinhos eram de qualidade superior. Em seguida, bar da moda. Cocktails interessantes. Muita carne exposta. Não pecebo como é que elas aguentam. Nem a alcoolémia explica. Nem no verão lisboeta está assim tanto calor. Por falar em verão, metade da pele exposta era cor de laranja. No outro dia ouvi uma descrição interessante do mulheiro mancuniano em modo noitada: terracota army in stilettos. Muito apropriado. Em seguida, um pezinho de dança. Sítio tão mau que até foi divertido. Deveras posh, mas com selecção musical hip-hop/poppy. E um verdadeiro mercado de carne. Mas ao menor as tentativas de engate foram educadas, e facilmente repelidas. Ainda deu para aguentar até às 2 e meia. Nada mau para um noite à inglesa.


 Hoje, outra vez um frio de rachar. Mas consegui encontrar forças para sair do quentinho e ir a um tour do Town Hall. O edifício é muito bonito, imponente. Arquitectura neo-gótica no seu melhor. Tem a particularidade de ser um edifício triangular, com outro edifício no meio, rodeado por uma zona de circulação de veículos. Factóide interessante: nos anos 80 resolveram limpar o edíficio, que estava basicamente preto por causa da poluição do ar. Mas para poupar dinheiro, não limparam o pátio interior. Resultado, aquele aspecto negro esfumaçado nas paredes manteve-se. E por uma vez uma tentativa de não gastar dinheiro resultou em ganho de dinheiro: o tal pátio está de tal forma bem conservado na sua sujidade que é o melhor exemplo existente de uma rua vitoriana, e já foi usado como set em imensos filmes, incluindo os últimos Sherlock Holmes. Aliás, o Town Hall tem sido usado como set tanto pela sua "rua vitoriana", como pelo semelhança dos corredores com o interior das Houses of Parliament (foi aqui que filmaram The Iron Lady). Infelizmente, não tive direito a nenhum celebrity sighting...

 Depois do tour, achei que já tinha cumprido com a minha cota de passeio por hoje. Mesmo com várias camadas de roupa, casacão, luvas, gorro e earmuffs, não consigo estar na rua. Não sei se este é o processo de aclimatação ao contrário, a preparar-me para o retorno à Tugalândia... De qualquer forma, acabou por ser um very lazy sunday, com direito a um bocadinho de estudo intercalado com filmes parvos de domingo. E chá quente. Muito chá quente.

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quinta-feira, 21 de março de 2013

Quiz show


 Mais uma vez, a aproveitar a viagem de comboio para por a conversa em dia. Desta vez, a sair de Birminham, a caminho de MCR. National training day. Só consegui assistir ao primeiro dia, e nem sequer posso ficar para o jantar. Ao que parece costuma ser delirante - we work hard,we party harder. Se o último jantar a que fui com a malta do serviço servir de exemplo, até tenho medo do que se vai passar esta noite. Murphy para variar não perduou, e o alongamento intestinal de 4a feira foi bumped para 6a, estragando os meus planos de vir aos 2 dias de training. Bummer. Se for adiado outra vez amanhã vou começar a distribuir caneladas.
 Portanto, National Training Day. Ocorre duas vezes por ano, e funciona como uma revisão para os internos. Não há um tema definido, só tem de ser borderline pediátrico. Bom para aprender umas coisas, rever malta e network. E o jantar costuma valer a pena.
 O plano era perfeito: cirurgia na 4a e borga académica 5a e 6a. Três dos meus buddies do serviço também vinham. First glitch: cirurgia cancelada e adiada para 6a. Second glitch: menos um elemento, sem condições depois de um banco pavoroso. Third glitch: perder o comboio até ao meeting point por causa de uma empregada de balcão que levou 15 minutos a calcular o troco do café. Meia hora mais tarde, lá chegamos a East Didsbury, para encontrar a boleia. Road trip! Com direito até a carrinha pão de forma. O quarto elemento, não mancuniano, era o representante nacional dos internos. Na hora e meia que durou a viagem conseguimos ir desde os problema actuais da formação em Cir Ped e as parcas perspectivas de futuro até pior bebedeira em congressos (comparada com esta malta eu sou uma menina). Variado, portanto. Apesar do trânsito para entrar na cidade conseguimos chegar a horas. O pouco que vi de Birmingham não impressionou. Como dizia um dos consultants ontem, eu devia vir a esta reunião nem que seja para ver a cidade e riscar Birmingham como possível opção no futuro...
 O programa começou com uma introdução por parte do mediador, um dos cirurgiões locais que já tinha conhecido em Vienna. É um dos organizadores dos cursos do Royal College of Surgeons, viaja para todo o lado à custa das anastomoses em tripa de porco, e tem das melhores histórias de sempre sobre medical mishaps. A primeiraconversa foi sobre Outcomes in Neonatal Medicine. Muito interessante, e deu-me
algumas das respostas que eu sempre quis saber mas nunca tive paciência de procurar. Tipo sobrevida e consequências a longo termo da prematuridade extrema, e se as coisas tinham melhorado nos últimos tempos. Bottom line, abaixo das 25 semanas é tudo uma caca. Ponderar is it really worth it. Depois falou sobre alimentação precoce com leite materno mesmo nas miniaturas. Pelos vistos aqui se não estiverem
ventilados estão a comer. E com full enteral feeds antes dos 14 dias de vida, se possível. Com bons resultados no que diz respeito a NEC e sépsis. Achei fabuloso. Neonatologistas que querem dar de comer aos putos. A lot of food for thought...
 Em seguida, um cirurgião hepato-biliar com a p#%^ da mania. Mas deveras entertaining. E para além dele e os dois internos do serviço, era a única pessoa que tinha visto mais do que um Kasai. E um quisto do colédoco (well, partes, para ser sincera). Toma lá e embrulha! Falou sobre as vantagens de concentrar a patologia em poucos centros com muitos casos. Dahhhhh. E que devemos sempre sempre sempre confirmar que por nós próprios se as fezes são acólicas. Porque não seria Cir Ped se não metesse cocó no meio...
 Pausa para café intragável e para conhecer os internos de Dublin, graças à amiga irlandesa. O futuro dos internos por lá também não é brilhante. Pior do que a Tugalandia, diria eu. Well, for once the grass is not greener. Tema seguinte: "When things go wrong". Provavelemte o tema mais interssante do dia. Comunicação, preparação, discussão dos problemas com a equipa, giving praise and criticism. Quase um momento de team building. Definitivamente algo que deveria ser importado para certos hospitais que eu cá sei... Para preparar o apetite para o almoço, malformações ano-rectais. Pretty much, Rintala vs Peña, e quem disse o quê nos últimos 30 Journal of Pediatric Surgery. Take home message: do whatever you like, as long you can justify it. E como estamos em terra de Sua Majestade, e todos os outros prelectores
conseguiram manter-se impecavelmente dentro do tempo determinado, a conversa acabou antes de chegar à parte mais controversa: home Hegars (sim, ainda tenho a decência de escrever pelo menos sobre os temas cirúrgicos mais sensíveis em código).  
 Almoço horrível, como estava à espera. Umas sandochas com recheios estranhos sem piada nenhuma. Deu acima de tudo para people watch. A faixa etária varia bastante. Nacionalidades e etnias também. Girls and boys em igual proporção. Muitas loiras.
 Regroup à tarde. Não agradou tanto como a manhã. Primeira sessão: basic sciences. Uma vergonha total. Admito a minha ignorância a nível bioestatístico. Colmatar essa falha é uma das minhas prioridades quando voltar... Seguida de uma quite boring presentation on a very interesting subject: Pediatric Surgical Trainees and Research. Basicamente, tentativa de organizar estudos multicêntricos organizados pelos internos. It looked good om paper. E finalmente, última sessão, e a mais divertida. The definitive curriculum quiz. Oitenta perguntas com várias alíneas baseadas numa foto ou exame. Cada um recebeu uma folha para anotar as respostas, enquanto as perguntas eram projectadas. Qual é a patologia? Diga o nome do exame. Liste dois procedimentos cirúrgicos utilizados nesta situação. Refira 3 factores que influenciam o prognóstico. E algumas perguntas que parecem básicas, mas que entalaram quase toda a gente. Tipo qual é a constituição da membrana do onfalocelo. De uma forma divertida, fizeram uma revisão da matéria quase toda. Num total de 170 pontos, consegui 102. Errei todas as perguntas sobre estatística, e um montão de urológicas e oncológicas. E confesso que não percebi bem a pergunta numas quantas. Mas até me safei no resto. O tipo que levou o prémio acertou 155. E faz exame de saída no verão. Portanto sinto que não envergonhei o meu serviço...
 Agora no comboio. Deixaram-me na estação a caminho do jantar. Tenho muita pena de não ficar para amanhã. Os temas também são interessantes. Mais pena ainda de não ir ao jantar. Oh well, uma vez que vim para cá por causa da tripa curta parecia mal faltar à cirurgia para ir para os copos...

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terça-feira, 19 de março de 2013

Up to my elbows in work

 Dia altamente produtivo. Reunião multidisciplinar de Intestinal failure para acordar. Manhã restante passada a conspirar com a minha multi-publicada consultant no seu gabinete. Projecto super interesante. Parece ter futuro. Até agora os projectos publicáveis não tem passado de projectos (too much paperwork burocrático, too little paperwork nos processos....). Pode ser que esta vá para a frente. Adoro o facto de cada consultant ter o seu gabinete. E quando se tem amigos em high places, são um belo hang out. É mais calmo e bem mais agradável para trabalhar. The Cupboard é fabuloso, mas há sempre muita gente em trânsito. E é difícil resistir à conversa. E no gabinete há um sofá... Tudo parece melhor quando há um sofá por perto.

 De tarde, grande prenda de despedida. Ressecção de tumor gigante retroperitoneal. Seis horas atolada até aos cotovelos em tripa. A equipa de oncologia daqui, para além de croma, é divertidíssima. O super chefe e o chefe são escocêses. Sentido de humor afinadissímo, sotaque delicioso. O interno soon to be consultant no GOSH é o meu buddy do hospital. Tumor bad ass, envolvendo tudo. Não foi possível ressecção, só debulking. Life is a bitch. As a pick me up, deixaram-me fechar. Again, how the mighty have fallen. Cirurgia acabou tarde. Oferta de boleia para casa. Muito bem recebida, está um frio de rachar. Problema: eu continuo confusa com os sentidos dos carros e das ruas. Para piorar, a maioria das ruas do centro de cidade são sentido único. E o meu buddy não constuma conduzir na cidade (como quase toda a malta do serviço, mora longe). Resultado: 30 minutos, 3 entradas em sentido proibido e uma near death experience para fazer 4 quarteirões...

Your anatomically themed moment of Zen: